sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Recordação…

Hoje, vagueei. Encontrei. Sorri. Reflecti… e chorei.

Enquanto caminhava pelo jardim da pequena cidade carregada de solidão, avistei um casalinho de crianças trocando, entre si, doces olhares e frescas gargalhadas. Não sei dizer ao certo que idade teriam, talvez uns 7 anos, mas a felicidade que os seus olhos carregavam era imensa… Sentei-me num banco ali perto e, de certo com ternura, fiquei a observá-los.
Ela era morena, o seu cabelo brilhava com a luz do sol e o seu sorriso infantil transportava uma energia contagiante. O pequeno rapaz tinha olhos verdes, o cabelo côr-de-mel e uma expressão adoravelmente simpática. Os dois corriam, rebolavam e brincavam na relva com uma felicidade e inocência intermináveis… Não consegui deixar de sorrir ao contemplar a doce simplicidade daquelas crianças.
A certa altura, cansados daquilo a que jogavam, sentaram-se os dois e começaram a trocar palavras que, para mim, eram completamente inaudíveis. Foi então, que as frescas gargalhadas deixaram de se soltar… Começaram a trocar-se leves sorrisos tímidos e olhares docemente carinhosos. O rapaz levantou-se e correu velozmente em direcção ao canteiro ao fundo do jardim. Colheu uma pequena margarida que ali estava plantada e ofereceu-a, com a sua expressão adoravelmente simpática que agora conhecia o sabor da paixão e da esperança, à menina do sorriso contagiante… Passou um segundo.
E outro.
E outro. Certamente a ele lhe pareciam uma eternidade, mas depressa desabrocha um ternurento e apaixonado gesto de aprovação da doce menina.
Os dois levantam-se, beijam-se na face e, de mãos dadas, desaparecem do meu pensamento, agora carregado de lágrimas saudosas dos momentos passados. Momentos em que a felicidade me abraçava dia e noite e a alegria me sorria a cada instante…

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

do imperfeito, a perfeição..

 A Perfeição, só é realmente Perfeição, quando encontrada em seres ou realidades divinas. Só Deuses poderão ser perfeitos. Nenhum Homem transporta em si, a capacidade de atingir esse conceito, uma vez que ele é algo terminado e imutável.
 O Homem, ser mortal e racial, não acarreta o dom da Perfeição; nunca chegará a alcançá-la. Isto, pelo simples facto de ser humano! O Homem tem sentimentos e, por isso nunca se satisfará com qualquer situação ou estado em que se encontre. O Homem, não suporta o monótono, não aguenta o insensível, nem tolera o acabado. O Homem, precisa de aventura, de mudança, de trabalho, de dificuldades, dúvidas e objecções. O Homem, necessita de tristezas e inquietações, pois é através delas que orienta a sua vida. É ultrapassando-as que o ser humano encontra a felicidade, e é esta a Perfeição atingível pelo ser mortal!
 Podemos concuir, assim, que existem dois tipos de Perfeição: a Divina, que contempla o verdadeiro conceito- de acabado, de completo, sem defeito; e a Humana, que no fundo, não se denomina de Perfeição, mas sim de felicidade- estado de espírito inconstatnte, unicamente atingido depois de ultrapassados os perigos e as dificuldades das diferentes situações, com  que o Homem se depara, durante a sua existência.


"Adoramos a perfeição, porque não a podemos ter; repugná-la-íamos, se a tivéssemos. O perfeito é desumano, porque o humano é imperfeito"- Fernando Pessoa